HIV e doenças psiquiátricas

Apesar da crença que o estigma sobre o vírus HIV e a doença AIDS vem sendo desmistificado, o estigma continua sendo uma barreira importante para o teste e o engajamento nos cuidados com o HIV/AIDS. O estresse e estigma associados ao viver com HIV podem criar sentimentos de desesperança e desamparo.

Vimos avanços que transformaram a AIDS de uma doença rapidamente fatal de causa desconhecida, em uma doença crônica e controlável, em menos de quatro décadas. Da mesma forma, grandes avanços vêm sendo feitos nos campos da prevenção do HIV e atendimento psiquiátrico. Porém o estigma do HIV e doenças mentais continuam sendo um importante desafio para saúde pública. Uma abordagem biopsicossocial abrangente para a saúde sexual e mental e a diminuição do estigma são fundamentais para a prevenção e os cuidados com o HIV.

É necessário reconhecer as manifestações cognitivas, motoras e psiquiátricas relacionadas a infecção pelo HIV, reconsiderar o tratamento de distúrbios psiquiátricos de pacientes soropositivos, identificar modalidades psicoterapêuticas apropriadas para pessoas em vários estágios da doença e compreender as preocupações específicas sobre a adesão à medicação.

Os psiquiatras devem estar envolvidos na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças mentais concomitantes ao HIV.

A depressão é muito prevalente entre as pessoas vivendo com HIV/AIDS e afeta de modo significativo a aderência ao tratamento antirretroviral (ARV) e na supressão da carga viral, e está associada a uma piora qualidade de vida e resistência aos ARV. É consenso que a prevalência de depressão é mais comum entre as pessoas com HIV, afetando 36% dos portadores (comparando com 7,6% na população geral). Já a incidência de transtorno bipolar em indivíduos soropositivos é 6 vezes maior em comparação a população geral.

As interações medicamentosas entre medicamentos antirretrovirais e psicotrópicos faz com que devam ser usados com cautela, necessitando uma expertise por parte do psiquiatra ao tratar pacientes com transtornos mentais em uso de antirretrovirais (ARV).